Desde o último aumento de 1 ponto percentual na Selic, em dezembro de 2024, as perspectivas para a inflação de 2025 e 2026 têm mostrado piora significativa.
O Itaú revisou sua estimativa para a taxa Selic ao final de 2025, elevando-a de 15% para 15,75%. Essa mudança reflete um agravamento das expectativas inflacionárias e uma desvalorização mais acentuada do real nas últimas semanas, fatores que indicam a necessidade de um aperto monetário ainda mais rigoroso por parte do Banco Central.
Em dezembro de 2024, o Banco Central elevou a Selic para 12,25% ao ano, sinalizando a intenção de aplicar mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas reuniões seguintes, o que levaria a taxa para 14,25% até o início de 2025.
Desde essa decisão, as expectativas de mercado para a inflação em 2025 e 2026 se deterioraram. Segundo o relatório Focus divulgado recentemente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é projetado em 5,08% para 2025 e 4,1% para 2026. Em comparação, na pesquisa de 9 de dezembro de 2024, antes da decisão do Copom, as previsões apontavam para 4,59% e 4%, respectivamente.
Outro fator que pressionou as projeções foi o dólar, que atingiu um pico histórico de R$ 6,2679 em 18 de dezembro, antes de recuar para próximo de R$ 6,00 nas semanas seguintes. Essa valorização da moeda norte-americana contribuiu para aumentar o pessimismo em relação aos indicadores econômicos.
“O cenário de desvalorização do real e expectativas inflacionárias desancoradas reforça a necessidade de uma política monetária ainda mais restritiva”, destacou o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, em nota. Ele ainda alertou que uma nova rodada de depreciação cambial ou o agravamento das expectativas pode levar à extensão do ciclo de alta dos juros, postergando cortes para 2026.
Além dos dois aumentos previstos pelo Banco Central, o Itaú projeta outros dois ajustes de 0,75 ponto percentual, previstos para as reuniões de maio e junho do Copom. Em 2026, o banco espera que a Selic caia para 13,75%, acima da previsão anterior de 13%.
No que diz respeito à inflação, a projeção do banco para o IPCA em 2025 subiu 0,8 ponto percentual, alcançando 5,8%. Para 2026, a previsão é de 4,5%, ante os 4,3% estimados anteriormente. Vale lembrar que o centro da meta de inflação do Banco Central é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Itaú manteve a previsão de alta de 2,2% para 2025, mas reduziu a estimativa para 2026, de 2% para 1,5%. “O impacto retardado da política monetária tende a ser mais perceptível em 2026. Contudo, ainda existem incertezas em torno das possíveis respostas da política fiscal e parafiscal diante da desaceleração da economia em um ano eleitoral”, concluiu a nota do banco.
0 comentário